A investigação forense vai além da identificação de um incidente, busca compreender sua origem, impacto e trajetória dentro da rede. Entender as diferenças entre a análise via LOGs e PCAPs é determinante para o êxito em obter evidências essenciais para a construção de uma cadeia de custódia completa.
Logs contam parte da história. PCAPs mostram o filme inteiro.
Em um cenário prático de investigação, os logs respondem com precisão à pergunta quem fez o quê: mostram usuários, endereços, timestamps e eventos registrados pelos sistemas; já os PCAPs explicam como a ação foi realizada e com que dados: permitem reconstruir sessões, reassemblar fluxos, inspecionar payloads e identificar exatamente o conteúdo trocado. Por isso, para fins periciais e de resposta a incidentes, a combinação é ideal. Logs oferecem o mapa de eventos, mas os pacotes fornecem a narrativa técnica completa necessária para confirmar hipóteses, extrair provas e reproduzir incidentes.
| Aspecto de Análise | Forense via Logs | Forense via PCAPs | Peso (0-10) Forense (Logs) | Peso (0-10) Forense (PCAPs) |
| Valor probatório (forense) | Indiciário, depende da integridade do log | Evidencial, contém a prova técnica direta | 6 | 10 |
| Conteúdo da comunicação | Apenas metadados (IPs, hora, ação) | Payload completo e protocolos decodificados | 4 | 10 |
| Detecção de malware | Depende de alertas do EDR ou antivírus | Permite extrair o arquivo malicioso | 6 | 10 |
| Identificação de exfiltração | Indireta (por volume ou destino) | Direta (conteúdo transferido visível) | 5 | 10 |
| Detalhe de comando executado | Limitado a registros textuais | Mostra o comando e resposta exata | 5 | 10 |
| Granularidade geral | Média | Altíssima | 6 | 10 |
| Análise de protocolos | Restrita a registros de camada de aplicação | Decodifica protocolos em todas as camadas (Ethernet, ARP, IP, TCP, DNS, HTTP, TLS, etc.) | 5 | 10 |
| Reconstrução de sessão | Parcial, baseada em timestamps | Completa, com reassemblagem TCP | 6 | 9 |
| Visão de lateralidade do ataque | Apenas origem e destino | Mostra fluxos paralelos entre hosts, pivôs e conexões simultâneas (ataques East-West) | 5 | 9 |
| Rastreamento de ataques criptografados (TLS) | Apenas metadados de sessão | Identifica padrões TLS, SNI, handshake, fingerprint JA3/JA4 | 5 | 9 |
| Visão temporal | Discreta (eventos isolados) | Contínua, com precisão de microssegundos | 7 | 9 |
| Visão de autenticação | Mostra tentativas e status | Mostra pacotes e credenciais trafegadas | 6 | 9 |
| Correlações contextuais | Boa para “quem fez o quê” | Excelente para “como e com que dados” | 8 | 9 |
| Capacidade de replay | Inexistente (sem dados brutos) | Permite reproduzir o tráfego exato em sandbox ou Wireshark para reanálise | 0 | 9 |
| Validação de falsos positivos e negativos | Difícil validar sem conteúdo real | Possível revisar o tráfego real e confirmar o ataque | 5 | 8 |
| Detecção de anomalias comportamentais | Baseada em contagem ou volume de logs | Permite machine learning em payloads e padrões de tráfego | 6 | 8 |
| Detalhamento de performance de rede | Superficial por logs de sistemas | Permite medir latência, retransmissões, jitter, perda de pacotes e QoS total da rede e por segmentos | 6 | 8 |
| Visibilidade de IoCs (Indicators of Compromise) | Depende de parsing de log | Extração direta de IoCs em payload (URLs, domínios, hashes, user-agents, etc.) | 6 | 8 |
| Compressão e retenção | Dados pequenos mas com perda de contexto | Pode ser comprimido sem perda, mantendo valor técnico completo | 7 | 7 |
| Correlação multi-fonte (SIEM, IDS, EDR) | Limitada a timestamps e IPs | Integra-se facilmente a SIEM/IDS mostrando pacotes reais que originaram alertas | 6 | 7 |
| Automação de análise (AI/ML) | Limitada a texto e metadados | Possibilita extração automática de features e feeding em modelos de IA | 5 | 7 |
| Camadas observadas | Camadas 7 e parcialmente 4 | Camadas 2 a 7 completas | 5 | 7 |
| Tipos de ataque identificáveis | Limitado a assinaturas conhecidas ou correlação textual | Detecta ataques horizontais, transversais, Lateral Movement, DDoS, tunneling e evasão de IDS | 5 | 7 |
Os pesos forenses foram atribuídos com base na
profundidade técnica e no valor probatório de cada evidência.

Aspectos como a visualização direta do conteúdo das comunicações e a reprodução fiel do tráfego (replay) receberam peso elevado (9–10), por representarem provas técnicas diretas e de alta confiabilidade.
Informações contextuais ou indiciárias, como registros de logs e eventos sem conteúdo de payload, foram classificados entre 4 e 6, refletindo sua limitação em termos de reconstrução e valor pericial.
Autenticação, compressão e visão temporal, situaram-se na faixa de 7 a 8, pois, embora não contenham o conteúdo integral das comunicações, ainda contribuem significativamente para a contextualização e correlação dos fatos durante a análise forense.
Logs guiam a investigação, PCAPs a provam.
Investigação forense exige mais do que identificar um incidente: requer reconstruir sua origem, dinâmica e impacto com evidências robustas. Logs fornecem o mapa de eventos: quem, quando e onde, oferecendo contexto imprescindível para triagem e correlação;
Já os PCAPs entregam a narrativa técnica completa, o “filme” do tráfego, com payloads, sessões reassembladas e precisão temporal e, por isso, detêm maior valor probatório. A combinação de ambos maximiza a capacidade de confirmar hipóteses, extrair IoCs, reproduzir incidentes em ambiente controlado e garantir uma cadeia de custódia sólida.
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