Ameaças internas, também conhecidas como insider threats, são ataques que não dependem, necessariamente, de grandes explorações técnicas. Muitas vezes, eles são conduzidos por pessoas com acesso legítimo — funcionários, ex-funcionários, prestadores de serviço ou até fornecedores integrados à cadeia tecnológica da organização. Em outros casos, envolvem contas comprometidas que continuam operando sob o radar das defesas tradicionais.
Por que essas ameaças são tão perigosas?
A resposta é simples: elas partem de dentro, enquanto as organizações muitas vezes estão preocupadas com o que vem de fora. Isso significa que os controles tradicionais baseados em perímetro, autenticação simples ou listas de permissões podem ser completamente ineficazes. Um insider mal-intencionado ou uma conta comprometida com privilégios inadequados pode causar danos severos antes mesmo de levantar suspeitas, como desvios de um expressivo valor monetário.
Esse tipo de ameaça é particularmente crítico em ambientes sensíveis e de alta criticidade operacional, como o ecossistema do Sistema Financeiro Nacional (SFN), um dos mais avançados e tecnológicos de todo o mundo. Com a ampliação das integrações entre os sistemas desse ecossistema, a partir da modernização tecnológica das transferências de valores monetários, a exposição de sistemas a terceiros cresceu exponencialmente, assim como o risco de que uma brecha interna leve à exploração de canais vitais da economia.
Casos recentes envolvendo uso indevido de credenciais válidas deixam clara a necessidade de rever o modelo de confiança adotado pelas instituições. A solução não está apenas em monitorar o “inimigo externo”, mas em adotar uma abordagem de segurança contínua, contextual e sem confiança prévia: o chamado modelo Zero Trust.
Zero Trust como resposta à ameaça interna
A filosofia Zero Trust parte do princípio de que nenhuma entidade — seja usuário, dispositivo ou aplicação — deve ser automaticamente confiável. Cada acesso deve ser verificado, validado e monitorado continuamente, independentemente de onde venha.
Para reduzir a superfície de ataque das ameaças internas, algumas práticas se tornam indispensáveis:
- Ferramentas de Monitoramento de Comportamento de Usuários UEBA (User and Entity Behavior Analytics)
Ferramentas como o Zerum Lynx, solução de NDR com capacidade integrada de UEBA permitem detectar desvios de comportamento com base em padrões históricos. Se um usuário começa a agir fora do esperado — acessando sistemas fora de hora, transferindo volumes atípicos de dados ou operando em regiões incomuns — o sistema pode gerar alertas ou bloquear a ação automaticamente via SOAR.
- Classificação e proteção de dados sensíveis
Nem todo dado tem o mesmo valor ou exige o mesmo nível de proteção. Playbooks de detecção de Exfiltração de Dados, como os presentes no Lynx, aliados a um Data Loss Prevention (DLP) permite aplicar camadas adicionais de segurança para arquivos confidenciais — impedindo, por exemplo, o envio de dados sensíveis por e-mail, upload em nuvem pública ou cópia para dispositivos externos. Além disso, contas administrativas e acessos privilegiados devem ser revistos com frequência. Soluções de Privileged Access Management (PAM) garantem que apenas os usuários certos, nos momentos certos, tenham acesso aos sistemas críticos — com rastreabilidade completa.
- Correlacionamento Avançado de Eventos com Contexto de Identidade
Em ambientes modernos, os alertas de segurança fazem mais sentido quando correlacionados com quem gerou a ação, onde ela ocorreu e qual o impacto potencial. Soluções como o Zerum Lynx, integradas à soluções de SIEM como o Zerum Oktos e feeds de identidade, permitem cruzar eventos de rede com atributos do usuário ou entidade associada, como cargo, departamento, geolocalização, horário e risco histórico. Isso permite que um mesmo evento — como um login remoto — seja tratado de forma diferente dependendo do perfil de quem o executou. A abordagem baseada em contexto reduz drasticamente os falsos positivos e prioriza o que realmente importa para o time de resposta.
O elo mais fraco pode estar dentro
A evolução das ameaças exige uma mudança de mentalidade: proteger-se de fora para dentro já não é suficiente. Com a digitalização dos fluxos financeiros, a dependência de terceiros e a proliferação de integrações API, olhar para dentro do ambiente é mais urgente do que nunca.
Adotar Zero Trust é uma necessidade estratégica. Seja por má-fé ou por erro humano, as ameaças internas continuarão entre os principais vetores de risco para instituições financeiras e organizações digitais. Quem não estiver preparado para detectá-las e mitigá-las estará um passo atrás dos atacantes, mesmo quando eles já estiverem dentro da rede.
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